Raymundo Faoro nasceu em Vacaria (RS), em 27 de abril de 1925. Filho de agricultores, depois de 1930 sua família mudou-se para a cidade de Caçador (SC), onde fez o curso secundário, no Colégio Aurora. Formou-se em Direito, em 1948, pela UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Transferiu-se, em 1951, para o Rio de Janeiro, onde advogou e fez concurso para a Procuradoria do Estado. Foi presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), de 1977 a 1979, tendo lutado pelo fim dos Atos Institucionais do regime militar (1964-1985) e ajudado a consolidar o processo de abertura democrática nos anos 70. À frente da entidade, Faoro transformou a OAB em um "foco de resistência pacífica" ao regime, denunciando casos de tortura e pedindo a retomada do Estado democrático. No governo João Figueiredo (1979-1985), o último presidente do regime militar, o jurista defendeu ampla anistia. Após a anistia e o retorno dos exilados políticos, a casa de Faoro no bairro das Laranjeiras (zona sul do Rio) transformou-se em local de reuniões políticas. Eram frequentes as presenças de Tancredo Neves (1910-1985) e Luís Inácio Lula da Silva. Em novembro de 2000, Raymundo Faoro, aos 75 anos, fora eleito para a cadeira de número 6 da Academia Brasileira de Letras – ABL (antes de Barbosa Lima Sobrinho, que morreu recentemente). Um dos maiores motivos para a sua eleição e conseqüente vitória foi a sua mais importante obra, Os Donos do Poder, de 1958. Três anos depois, foi vítima de enfisema pulmonar e morreu. Apesar de tamanho prestígio, ao longo de sua carreira o jurista Raymundo Faoro recebeu críticas contundentes de gerações e espectros diferentes da intelectualidade e da política, que não deixaram de concordar sobre a relevância para a história e pensamento político brasileiro de suas obras. Particularmente, o marco maior de Os Donos do Poder seria a ansiedade de tratar, com detalhes, tamanha história brasileira (desde as origens do Estado Português