Da artificialidade à verdade
Há grandes transformações no mercado ainda não percebidas por boa parte dos empresários. Além de mudanças nas regras do jogo dos negócios, o jogo está mudando. Nem mesmo o voleibol com suas modificações radicais chega perto do padrão de ruptura do modelo empresarial. Há pouco tempo, chutar a bola com os pés – desculpe o pleonasmo – era pecado. Hoje, é regra que permite jogadas de grande beleza estética.
Durante anos, vivemos um tempo que pode ser denominado a Era da Artificialidade, que vai de 1946 – início do processo de substituição de importações no Brasil – a 1994 – Plano Real. Neste período, pelo menos três fenômenos distorceram inteiramente a formação de uma mentalidade empresarial minimamente competitiva.
As importações fechadas permitiam às empresas fabricar produtos três vezes piores que o padrão internacional, vendendo-os por preços três vezes maiores que a concorrência estrangeira. Havia uma equação negativa de competitividade de menos nove e muitas vezes chegando a absurdos menos quinze – neste caso, preço três vezes maior e a qualidade cinco vezes pior.
Um segundo ponto: o governo, como principal agente econômico, bombeava recursos e oportunidades, garantindo, na maior parte do período, crescimento abundante. Acobertando as transações, uma inflação de 20%, 40% e até 86% ao mês desviava as fontes de inspiração da excelência para a busca frenética do monitoramento do fluxo de caixa.
Um desvio tão sério que dava à função financeira importância maior na organização e o gerente de Retardamento de Pagamento era a figura principal do esquema. Atrasar dentro da lei por uma semana gerava ganhos de 10% sobre o faturamento.
Uma época que propiciava a troca de prioridades. Toda a energia de uma grande organização era para conseguir das autoridades reajustes de preços maiores que a inflação. Uma rede de mentiras para dar inveja a qualquer Pinóquio. Em um determinado mês, os custos subiam 34%, pedia-se ao CIP 44%