César villela e a bossa nova

César Villela e as capas de disco da Elenco e a estética da Bossa Nova

César Villela criou o projeto gráfico que se tornou a grande marca visual da Bossa Nova. Utilizando do conceito “menos é mais”, o designer fez dezenas de capas de LPs, elas minimalistas com imagens em alto contraste e sobriedade nas cores.
No final da década de 50, Villela iniciou sua trajetória como ilustrador da gravadora Orion. Nessa época as capas de LP possuíam todas as mesmas características: foto posada do autor, paisagens bucólicas ou mulheres bonitas. Era raro haver algum tipo de integração entre a capa e a música gravada. Além disso, era constante o abuso desenhos, fotos, textos, fios, firulas e toda espécie de adornos sem sentido. A proposta de César era mudar isso.
“A capa era o principal veículo de venda, era ela quem deveria estimular, ou melhor, motivar a compra. Não havia outra ponte, era ela e o cliente. As nossas capas brigavam com as de outras empresas nas vitrines das lojas. Havia um carnaval de cores. Senti a necessidade de mudar, simplificando o visual, para elas se destacarem.”
César Villela, 2003
Na Orion iniciou ele buscou eliminar o excesso e substituí-lo por expressões gráficas minimalistas que produzissem uma comunicação mais rápida e eficaz. Essa simplificação gráfica intencional iria alcançar sua maior expressão nas capas da gravadora Elenco.
Foi no ano de 1963 que Cesar Villela trocou a gravadora Odeon pela minúscula e recém-fundada Elenco, onde criou as capas que o consagraram e provocaram uma revolução gráfica. Muito modernas para a época, utilizavam um esquema mínimo de cor: preto e branco com detalhes em vermelho. O uso de imagens em auto contraste, técnica fotográfica inovadora naqueles anos, letras trabalhadas por elementos gráficos. Geralmente, também, haviam 4 bolinhas vermelhas mescladas ao conjunto, César explicou numa entrevista o porquê: “Na época eu andava lendo umas coisas espirituais e li na Cabala dos judeus que o número quatro era