Ambev
Um ícone brasileiro
A industrialização, a bossa nova, o Carnaval, o futebol – a cerveja participou de tudo isso
Alice Granato e Ricardo Villela
Cartaz publicitário de 1926 e carroças de distribuição da
Antarctica em São Paulo no início do século: fábrica fundada num Brasil de 14 milhões de habitantes que tentava se parecer com a Europa
A fusão das duas maiores cervejarias do país provocou alvoroço no mercado financeiro, nervosismo nos fabricantes de bebidas, receio entre os donos de supermercados, bares e restaurantes e alguma preocupação em Brasília, onde o governo promete estudar se o negócio representa ameaça à livre concorrência. Em nenhum lugar, porém, o assunto provocou tanta controvérsia quanto nas mesas de botequins. Num país em que se consome mais cerveja do que leite, a preferência por
Brahma ou Antarctica sempre foi equiparável à paixão das torcidas de futebol.
Cervejeiro que se preza tem sua marca favorita e a defende com unhas e dentes, e goles. "É como se Corinthians e Palmeiras virassem uma coisa só", surpreendeu-se
Cássio Piccolo, estudioso de cervejas e dono de um bar em São Paulo que vende oitenta marcas de loiras geladas. A turma da Banda de Ipanema, tradicional bloco carnavalesco do Rio de Janeiro, também ficou chocada. "Tiveram de esperar o Albino
Pinheiro, o General da Banda, morrer para anunciar essa fusão", brinca Ferdy
Carneiro, co-fundador do bloco e bom de copo. "Ele jamais permitiria isso."
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O General da Banda morreu há duas semanas sem, provavelmente, ter tomado um único chope que não fosse Brahma. A turma da Brahma também inclui nomes como Vinicius de Moraes, Tom Jobim, João
Gilberto e Zeca Pagodinho. Adoniran Barbosa, por sua vez, só bebia Antarctica. Cerveja, em geral, e
Brahma e Antarctica, em particular, são ícones da cultura nacional. Não só porque neste país tropical se