Cutura: direito de ser diferente
Durante muito tempo, se afirmou que os europeus possuíam um modo de viver e de pensar melhor que o de outros povos. Aqueles que não tinham costumes semelhantes eram vistos como primitivos, atrasados.
Essa ideia é muito antiga, mas foi reforçada pela mentalidade cientificista do século XIX. Os evolucionistas afirmavam que todas as sociedades percorreram um processo que vai de um estado de selvageria para o estágio da civilização, passando pela barbárie. Essa evolução seria medida pelo progresso tecnológico alcançado pela sociedade; quanto maior o avanço, mais evoluída ela seria. A partir daí, as culturas foram classificadas em superiores e inferiores, de tal modo que os povos com poucos recursos técnicos foram considerados donos de uma cultura inferior.
O problema dessa classificação é que ela considerou apenas o aspecto material de um povo, deixando de lado outros elementos, como religião e relações sociais. Levando isso em conta, a ciência moderna constatou, por exemplo, que certos povos tinham uma agricultura primitiva, mas sofisticadas normas de convivência. Tal constatação mostrou que as ideias evolucionistas representavam uma forma superada de compreender o modo de vida das sociedades não industrializadas. Por esse motivo, não devemos empregar os conceitos de cultura superior e cultura inferior, e sim entendê-las como culturas diferentes. Além disso, temos de compreender que todas as manifestações de uma sociedade, como seus rituais, seu artesanato, sua forma de morar, comer e abrigar-se, constituem sua cultura e, por mais simples que elas possam parecer, revelam sempre um conjunto de conhecimentos e tradições constituídas ao longo de muito tempo.
HECK, Egon. Povos indígenas: terra é vida. São Paulo: Atual, 1999. col. Espaço e Debate
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