Custos
Prof. Francisco Alves de Oliveira *
O recente escândalo “contábil” que envolveu a gigante americana das telecomunicações WorldCom Inc. e a conhecidíssima Xerox vem dando continuidade ao desrespeito, pela falta de transparência dos seus demonstrativos, aos investidores e à sociedade em geral, como se não bastasse o que já se viu também das empresas americanas Enron Corp. e Tyco International, da brasileira Eberle Mundial (aquela do Refis) e do extinto Banco Nacional, entre outros muitos casos de semelhante vexame. Enquanto a WorldCom escondeu despesas da ordem de US$3,8 bilhões, a Xerox inflou receitas no montante de US$1,9 bilhão, e, assim, demonstrando ambas lucros bem superiores aos que poderiam gerar, enganaram inescrupulosamente o mercado. Segundo a imprensa, a “manipulação da contabilidade” ajudou essas empresas a cumprirem suas previsões de lucro, como se a contabilidade fosse uma oficina em que se refazem resultados... Como contador e educador, quero fazer algumas reflexões sobre o que realmente significa tudo isso. A Contabilidade, sendo ciência social, está comprometida com a verdade, e com a verdade devem estar comprometidos os que a praticam e dela se servem. Quando a imprensa denuncia uma “fraude contábil”, que julgamento fará a opinião pública a esse respeito? Seria o contador um bandido? Ou estaria ele preso em uma bifurcação, tendo de decidir pela obediência à ética profissional ou ao patrão? Em carta enviada pelo presidente da WorldCom. ao Presidente George Bush se lê: “... a administração da empresa está tão surpresa quanto ultrajada...”. Ora bolas, como estariam eles surpresos? Será que esse escândalo foi invenção do contador, com a conivência dos auditores (Arthur Andersen, para variar)? Será que, na verdade, a iniciativa não teria sido da própria administração, para mostrar aos acionistas um resultado melhor e, com isso, permanecer no comando e, por tabela, manter em alta a cotação