Curtume
Os antigos hebreus conheciam o método de curtir o couro com casca de carvalho, arte que talvez tenham aprendido no cativeiro do Egito. Nos túmulos egípcios foram encontradas sandálias de couro e artigos de pele, o que demonstra o conhecimento nesse país, há mais de três mil anos, da arte de curtir. Também os gregos utilizaram peles e couros nos primeiros tempos de sua história, conforme referências que a isso fazem os poemas de Homero. Os orientais conheceram a arte de curtir antes de inventar qualquer sistema de escritura.
Tanto no Novo quanto no Velho Mundo, o couro e as peles constituíram a primeira vestimenta humana nos climas frios.
Os colonizadores levaram para o Novo Mundo o método de curtir por meio de cascas, o qual era desconhecido dos índios. Para obter o tanino, adstringente que se encontra em vários vegetais e constitui o princípio ativo utilizado nos curtumes, foram levadas a efeito inúmeras pesquisas até 1800. Experiências foram feitas com sumagre, aberto, carvalho, quebracho e outras plantas taninas da América, com resultados satisfatórios.
No fim do século XIX, um químico norte americano, Schultz, fez descobrimentos que prepararam o caminho para o ulterior desenvolvimento científico do curtume. Observou que, com os sais crômicos sobre as peles, obtinha-se um couro diferente do até então conhecido: um couro rígido e não flexível (couro-cromo). Robert Foerderer, de Philadelphia, aperfeiçoou o processo submetendo as peles curtidas com cromo a um novo tratamento com sabão e azeite, conhecido na indústria com o nome de ‘licor grosso’ ou ‘crasso’. O couro assim obtido superou o curtido com cascas para a fabricação de calçados.
No Brasil os rebanhos se multiplicaram com extraordinária rapidez. Com facilidade, instalavam-se rústicos curtumes. Com o couro faziam-se malas, surrões, bruacas, alforjes, mochilas, as roupas e os chapéus dos vaqueiros nordestinos, selas e arreios das montarias, as portas de algumas casas, os relhos e as cordas.