Curso de pedagogia: propostas em disputa
Olinda Evangelista
1 Introdução
As discussões em torno do Curso de Pedagogia no Brasil acirraram-se nos últimos tempos, particularmente após a apresentação, pelo Conselho Nacional de Educação, de proposta de Diretrizes Nacionais para o Curso de Pedagogia no ano corrente. Da polêmica participam interlocutores de extrações variadas - universidades, associações, governo, intelectuais - e de diferentes posições. Há, nesse debate, pelo menos, três projetos de Curso de Pedagogia, certamente aqueles que, de um modo ou outro, alcançam visibilidade no cenário educacional do país. O primeiro é o da ANFOPE e de suas entidades apoiadoras, o segundo dos educadores que assinam o Manifesto dos Educadores e o terceiro o apresentado pelo CNE.
Não é minha intenção refazer o percurso histórico de cada projeto, embora seja importante registrar que suas trajetórias não são livres de dissensões e de acordos, assim como suas elaborações não são simultâneas. Por essa razão, limito minhas observações aos conteúdos dos três últimos documentos trazidos a público: 1º) o Documento das entidades sobre a Resolução do CNE, assinado pela ANFOPE, FORUMDIR, ANPAE, ANPEd, CEDES, Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia, de abril de 2005; 2º) o Manifesto de educadores brasileiros sobre diretrizes curriculares nacionais para os cursos de pedagogia, de setembro de 2005 e 3º) o Parecer (versão 18) sobre Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, do CNE, de setembro de 2005.
O interesse da presente intervenção não é o de discutir as propostas naquilo que sugerem relativamente a uma estrutura para o Curso de Pedagogia. Meu objetivo é o de tomar duas das principais questões nelas presentes e procurar entendê-las no contexto nacional e internacional. Tais projetos possuem uma base conceitual pela qual se põe em disputa o conceito “pedagogo”. Sem dúvida, trata-se de um terreno de contendas conceituais no qual o vencedor - historicamente