Cultural Oral P
► Cultura oral: oratura, escritas ágrafas, geografia corporal e observação direta
Resumo
Neste texto apresentam-se características do património oral que podem constituir matéria-prima para a conceção de um leque variado de estratégias e/ou materiais para a aprendizagem de conteúdos e desenvolvimento de competências dos programas de Português (língua materna) e de
Português Língua Não Materna, para projetos ou sequências interdisciplinares ou de educação intercultural. O conceito de património oral é aqui encarado num sentido muito lato. Ele inclui, não só os textos poéticos, narrativos e dramáticos próprios da literatura de tradição oral, a oratura, mas também formas de escrita ágrafa em linguagem visual, do domínio da picturalidade, e especificidades da estrutura lexical das línguas cujos falantes não adotaram ainda um sistema de escrita, que se revelam no léxico utilizado para representar o tempo, o espaço e o comportamento humano
(geografia corporal e observação direta).
Apesar de se tratar de um património de matriz oral, as suas características, tendo origem na cultura oral, perduram também nas sociedades contemporâneas de tradição escrita.
Palavras-chave: património oral, picturalidade, estrutura lexical
Área temática: Património Oral
As sociedades onde a maioria da população não sabe ler nem escrever, apesar de serem comummente designadas comunidades ágrafas, dispõem de formas de registo gráfico permanente de mensagens e de mecanismos imateriais de preservação do legado do passado. À medida que a escrita se foi expandindo nas sociedades ocidentais, essas formas de registo e esses mecanismos de preservação foram progressivamente abandonados ou apenas socialmente desprestigiados. Neste contexto, é previsível a caracterização consagrada das culturas de tradição oral pela negativa – sem escrita.
A verdade, porém, é que a cultura moderna ocidental