literatura africana
Simone Caputo Gomes (Universidade de S. Paulo)
“Quando chegaste mais velhos contavam estórias. Tudo estava no seu lugar. A água. O som.
A luz. Na nossa harmonia. O texto oral. E só era texto não apenas pela fala mas porque havia árvores (…).
E era texto porque havia gesto.
Texto porque havia dança. Texto porque havia ritual. Texto falado ouvido visto.”
Manuel Rui (Angola)
A caminho da afirmação africana
Sabemos que, desde o final do século XIX, com Edward Blyden (a
“personalidade africana”, 1893) começaram a surgir movimentos de valorização do(s) negro(s) e de sua(s) cultura (s); com Du Bois desenvolveu-se o pan-africanismo, promovendo congressos em várias partes do mundo, com ressonância sobre personalidades como Asikiwe
Nandi, futuro presidente da Nigéria, Kwame N‘ Krumah, primeiro presidente da República de Gana e Jomo Kenyatta, primeiro presidente da República do Quênia.
Du Bois exerceu também profunda ascendência sobre escritores negros americanos: seu livro Almas Negras (1903) tornou-se modelo para os intelectuais do movimento Renascimento Negro dos quais destacamos Langston Hughes. Voz de protesto contra a política imperialista na África, Doutor em Filosofia e historiador de renome, Du
Bois, por meio de seus trabalhos, revelou aos companheiros negros um passado africano do qual se deviam orgulhar.
Nos anos 30, em Paris, os intelectuais da Negritude, Aimé Césaire,
Léon Damas, Léopold Sedar Senghor, Ousmane Socé, Birago Diop,
Leonard Sainville e Aristide Maugé também contribuíram enormemente para a análise e exaltação dos valores tradicionais da África Negra.
A par das polêmicas que a Negritude suscitou e tem suscitado, um aspecto extremamente positivo que resultou dessa gradativa valorização da consciência e da cultura negras