Cultura vivida e escolarização

CULTURA VIVIDA E ESCOLARIZAÇÃO Carlos Jorge Paixão Mestre em Educação (PUC/SP) Doutor em Educação (UNESP) Professor e Pesquisador da UNAMA. RESUMO Este artigo tem por objetivo expor algumas reflexões sobre a cultura vivida e o processo de escolarização, partindo do pressuposto que, os elementos que fazem parte da ação e expressão dos sujeitos, tendo como base suas experiências vividas, estabelecem intersecções por ocasião do desenvolvimento das dinâmicas do currículo dentro da escola. Palavras-chave: Cultura; Cultura vivida; Escolarização; Currículo.

I - Cultura: origem e variações A etimologia da palavra cultura nos remete ao verbo latino "colere", que significa "cultivar". Este sentido agrícola do termo pode ser encontrado com freqüência na maioria dos estudos sobre o significado primitivo da idéia de cultura. Um outro sentido de cultura, também relacionado ao trabalho de tornar uma terra fértil, através da lavragem, mas adicionando o sentimento de apego e fixação a terra, que produz o alimento deriva do adjetivo Latino "cultus". Segundo Bosi (1992) cultus queria dizer não só o trato da terra como também o culto dos mortos, forma primeira de religião como lembrança, chamamento ou esconjuro dos que já partiram. A Antropologia, parece não ter mais dúvidas sobre a precedência do enterro sagrado em relação ao amanho do sol; enquanto este data do neolítico e da revolução agrícola (a partir de 7000 a . C., aproximadamente), a inumação dos mortos já se fazia nos tempos do homem de Neanderthal há oitenta mil anos atrás.

A tentativa seguinte será a de localizar o sentido de cultura na época moderna. Alguns elementos da história e da evolução da sociedade serão de grande valia, para o entendimento geral das variações sofridas pela concepção de cultura no decorrer dos séculos. A gênese da idéia de cultura e o seu devir no decorrer do século XVIII, estão estreitamente ligadas ao aparecimento e a evolução do pensamento político, caracterizando-se inicialmente pelo seu