A feição cultural crioula da sociedade brasileira nasce em torno do complexo, formado pela economia do açúcar, com todas as suas diversificações comerciais e financeiras, juntamente com todos os complementos agrícolas e artesanais que possibilitavam sua operação. As pessoas que se organizavam, em torno da função econômica do açúcar era muito singela, por ter um caráter de empresa colonial, só visando à economia mercantil.A área cultural crioula resultou da implantação da economia açucareira e de seus complementos na faixa litorânea do Nordeste brasileiro, do Rio Grande do Norte à Bahia. A fabricação da aguardente e da rapadura era a produção principal dos pequenos engenhos destinadas ao mercado interno. Já as complementares eram as lavouras comerciais de tabaco e a fabricação do fumo, que eram tocadas por pequenos produtores que não tinham capacidade, para montar um engenho. A cultura crioula foi expressão na conduta e nos costumes dos imperativos da economia monocultora destinada a produção de açúcar. O patronato açucareiro lembra, em muitos aspectos, a aristocracia feudal, pelos poderes equivalentes que alcançava sob a população que vivia sob seus domínios. Mas o senhor feudal diferia do senhor do engenho, no que tangia a posse da terra enquanto este só tinha direitos feudais, o senhor do engenho, já surgia como proprietário. A cultura crioula nasce dessa circunstancia do fazendeiro ou o senhor do engenho residir na fazenda, esse caráter familiar da empresa açucareira dava continuidade e faziam sucederem-se gerações de senhores e de escravos, todos impregnados por aquele complexo cultural. Este patrimônio social de modos e atitudes comuns se passa de geração a geração, sempre voltados a produção de cana de açúcar e reproduzindo mundos tão opostos de senhores e escravos e continuamente de senhores e de uma força de trabalho já não escrava, mas que vivia em mesmas condições. O Nordeste açucareiro e sua cultura crioula tradicional ficaram antiquados