Crônica de Língua Portuguesa
Era um dia normal, como todos os outros. Sentei na janela e fiquei observando lá fora. O calor que fazia não era agradável, mas não poder tê-lo era mais gelado que os mais frios invernos. Um lápso qualquer e de repente me vi caminhando ao seu lado num lugar que mais parecia um "shopping center". Caminhávamos de mãos entrelaçadas, mas parecíamos mais dois estranhos como se... como se algo estivesse errado. Parei numa dessas lojinhas e perguntei: —Vai querer um sorvete? —To sem fome.
Comprei o meu sorvete e continuamos caminhando sem um rumo. De repente me encontro sentada numa escadaria em frente ao mesmo lugar, ao seu lado. É engraçado esse tal negócio de estar tão próximo de alguém e se sentir tão distante. Poderíamos ter e ser tudo que quiséssemos naquele instante, mas preferimos não ser nada. Parados, apenas observando o trânsito caótico da cidade no fim daquela tarde nublada. E tudo que eu ouvia era o som da casquinha do meu sorvete quebrando entre os dentes. Ela acabou, e uma lágrima escorreu pela minha bochecha caindo sobre meu peito. Virei pro lado e comecei a chorar. Então comecei a chorar muito. Tony me virou e disse baixinho: —Eu sinto tua falta, Bel.
Eu não soube o que dizer. Por um momento fiquei surpresa, fazia tempo que não o ouvia falar naquele tom. Baixei a cabeça sob os joelhos e assegurei que sentia a falta dele também. —Me desculpa. —Eu tenho tanta saudade, Bel. De beijar o teu nariz e ouvir tua risada gostosa. De passar uma tarde inteira do teu lado sem fazer nada, só te sentir ali. De ir no cinema toda sexta-feira e te beijar na melhor parte do filme de propósito. De te provocar pra te ver fazendo birrinha, e depois te conquistar de novo. Sinto saudade até de...
Então interrompi dizendo: —De dançar valsa em cima da cama nas noites escuras?
Ele sorriu. Eu soltei um riso. —Eu sinto sua falta também Tony.
Ele passou o canto na