Crátilo
PLATÃO. Crátilo. Tradução: Maria José Figueiredo. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.
“(...)” que cada um dos seres tem um nome correcto que lhe pertence por natureza, e que não é nome aquilo a que alguns chamam nome, acordando em chamar-lhes assim, e enunciando uma parcela da sua voz, mas que pertence aos nomes uma certa correcção, que é a mesma para todos, sejam Gregos ou bárbaros.” (p.43)
“Parece-me que aquele nome que alguém puser a uma coisa, esse será o nome correcto; e se de novo o mudar, e já não lhe chamar aquele o segundo em nada será menos correcto do que o primeiro. (...) De facto, nenhum nome pertence por natureza a nenhuma coisa, mas é estabelecido pela lei e pelo costume daqueles que o usam, chamando as coisas.” (p.44)
“Então, se nem todas as coisas são da mesma maneira para todos, simultaneamente e para sempre, nem cada coisa é para cada um em particular, é evidente que as coisas têm uma certa entidade estável, que não é relativamente a nós nem é por nós, que não é arrastada para cima e para baixo por acção da nossa fantasia; mas têm uma entidade que é em si mesma e relativamente si mesma, a qual é por natureza.” (p.47)
“O nome é, então, um instrumento de ensino e de distinção da entidade, da mesma maneira que a lançadeira o é da teia.” (p.49)
“(...) dar nomes não é para todos os homens, mas para aquele que é o dador dos nomes; e parece-me que este é o legislador dos nomes, que é o mais raro dos artistas que surgem entre os homens.” (p.51)
“Tendo-se descoberto o instrumento destinado por natureza a cada coisa, é necessário impô-lo àquilo de que será feito esse instrumento, não da maneira que se deseja, mas como for adequado à sua natureza.” (p.51)
“E, aparentemente, o trabalho do legislador dos nomes é fazer um nome, tendo o dialéctico a supervisioná-lo, se quer que os nomes sejam bem postos.”(p.53)
“E Crátilo diz a verdade quando diz que os nomes pertencem às coisas por natureza e que nem todas as