Cratilo
Essa obra trata sobre a justeza dos nomes, obra escrita em forma de diálogo, com três personagens: Sócrates, Hermógenes e Crátilo.
Após uma discussão entre Hermógenes e Crátilo, cujo primeiro tem uma visão bastante relativista sobre a linguagem, para ele os nomes nada mais são que convenções coletivas ou subjetivas, e o segundo tem uma visão mais cética, acreditando que os nomes são a essência das coisas, ou seja, eles são a natureza das coisas, que por sua vez permanece em constante fluxo. Já exauridos dessa discussão eles decidem chamar Sócrates para tentar uma conciliação. A maior parte da obra está resumida a uma seção etimológica em que Sócrates faz com que Hermógenes renuncie o convencionalismo e consinta com a tese segundo a qual os nomes têm uma correção por natureza, tese essa defendida por Crátilo, faz com que Hermógenes concorde também que o poder de nomear não se estende a todos, estando restrito a alguns. Ainda nessa seção etimológica Sócrates informa porque Crátilo no início do diálogo disse a Hermógenes que esse nome não lhe pertencia, segundo Sócrates, o nome Hermógenes vem de Hermes, um deus grego cujas características não se assemelham com as de Hermógenes, fazendo com que este mais uma vez concorde com Crátilo. Todavia, usando ainda desta mesma ferramenta etimológica, Sócrates faz uma referência ao deus Pan, um deus hibrido, que está diretamente ligado ao discurso, assim como seu pai Hermes cujo nome significa “aquele que preside os discursos”. Ao comparar Pan - metade homem, metade bode - com o discurso, Sócrates diz que esse também é híbrido, metade verdade, metade falso, como se pode ver na página 408c: “Sóc.: Como sabes, o discurso indica (sêmainei) todas as coisas (pan), e circula e se movimenta sem parar, além de ser de natureza híbrida, verdadeira e falsa ao mesmo tempo.” (Crátilo, p. 408c). Com essa fabulação etimológica tanto a origem do nome de Hermógenes como o convencionalismo por ele defendido são reabilitados, pelo