CRITICA CHINES
Por Murilo Dias
Serei sincero ao dizer que não lembro exatamente o que é uma crítica de cinema. Portanto, usarei da mesma sinceridade para tecer minha opinião sobre o filme “Um conto chinês”, do diretor Sebastián Borensztein.
Para começar, devo confessar que o filme superou minhas expectativas. Logo em sua primeira cena, pensei que estava assistindo algo non-sense, pois jamais conseguiria imaginar uma vaca caindo do céu e atingindo uma pessoa em um lago – só depois de pesquisar vi que a trama foi baseada em uma história real, que aconteceu no Japão.
O roteiro, também de Borensztein, apresenta a história de duas personagens centrais: Roberto, interpretado por Ricardo Darín, e Jun, por Ignacio Huang. Distantes, assim como seus respectivos países – Argentina e China – Roberto e Jun não contam apenas uma história de um emigrante procurando seu tio em solo sul-americano. Algo além disso, muito mais subjetivo, é escancarado nos olhos de quem vê: o contato com o outro, com o diferente, com o bizarro.
A sociedade como um todo tomou o sincero caminho da solidão, apenas da unidade. Pouca relação temos com quem mais está próximo. Hoje, dificilmente você sabe o nome de seu vizinho de cima ou de baixo, até porque cada vez mais são lançados apartamentos únicos por andar. Hoje, você fica distante de sua família, pois se isola no seu quarto e cria lá seu mundo, seu reino. Nas ruas, o número é crescente de pessoas de fone de ouvido, avulsas em seu próprio ser. Sebastián Borensztein critica o rumo que a vida tomou e força suas personagens a interagirem, da forma que for. Como o idioma não ajuda, mímicas e sinais entram em ação. E dão certo.
A relação que antes era fria, tornou-se sinceramente amigável. A tragédia que tomou a vida de um chinês o levou para a casa de um frio argentino que acaba se entregando ao calor do sentimento mais forte que existe: o amor. Sentimento este que, para alguns não tem explicação, já para outros...
Como alguém