CHINA: A DIPLOMACIA DO PETRÓLEO NAS RELAÇÕES SINO-SUDANESAS E O CONFLITO DE DARFUR
Sílvia Aires de Freitas Andrade
Orientador: Prof. Dr. João Henrique Roriz
1. Introdução Ao longo dos últimos anos, o número crescente de investimentos chineses no continente africano tem despertado notável interesse de grandes atores do cenário internacional, ávidos por desvendar as reais intenções da potência asiática em solo africano. Vivenciando uma plena taxa de crescimento econômico ao longo das últimas décadas, a China passou a buscar em outros países os recursos naturais necessários que fomentassem sua indústria e suprissem sua necessidade energética. Nesse contexto se enquadram os seus investimentos na África, continente detentor de extensas riquezas naturais por excelência.
Este artigo pretende analisar em especial o caso sudanês, que também vivencia um período de crescimento econômico graças à exploração do petróleo em seu território. Pretende ainda analisar de que modo as relações político-comerciais entre Pequim e Cartum afetam diretamente a perpetuação do conflito de Darfur, no oeste sudanês. Para tanto, nos propomos à expor tanto os pontos de vista favoráveis à atuação chinesa no caso, quanto os desfavoráveis, que acusam a potência asiática de neocolonialista, irresponsável e conivente com as atrocidades praticadas naquela região, com a anuência de um governo autoritário e corrupto.
O massacre de Darfur completa em 2013 dez anos de existência sem perspectivas de uma resolução definitiva em um futuro próximo. Traz ainda matizes preocupantes em relação ao conflito: Contornos racistas e embates ideológicos (religiosos) fomentam as rivalidades entre grupos rebeldes darfurianos, forças governamentais, entidades paramilitares e milícias extraoficialmente apoiadas pelo governo central de Cartum (islâmico), o qual seria diretamente responsável pela “limpeza étnica” da população não árabe da região (MAHMOUD, 2004).
É neste cenário complexo que damos início à