Crise na Europa
Lucas Braga de Melo
Logo após o colapso financeiro dos subprimes nos EUA em 2008, foi deflagrada a crise europeia. Essa última, entretanto, tem suas origens bem antes da crise imobiliária americana e, ainda, pode ser ramificada em dois pontos centrais. Em primeiro lugar, o designinstitucional deficienteda zona do Euro, o qual desde a criação da União Monetária não foi capaz de centralizar as políticas fiscais dentro do bloco e tampouco garantir estabilidade fiscal entre os países, especialmente durante uma crise.
Em segundo plano, mas não menos importante,os altos níveis da dívida pública, concentrados inicialmente na Grécia, mas também presentes nos países periféricos da zona do Euro. Neste sentido, o deficiente quadro institucional e o instável nível da dívida pública são interdependentes e juntamente compõe a crise vivida pela Europa.
No âmbito institucional, a teoria econômica é bem clara sobre as precondições para se formar uma União Monetária ótima. Os países que a formam devem ser dotados de livre mobilidade de capital, serviços e trabalho, ou seja, livre circulação não só de bens, comotambém de fatores de produção. Tais variáveis em comum são fundamentais, pois permitem a existência de um nível similar de produtividade, decompetitividadee de ocorrência de oscilações econômicas semelhantes entre os Estados membros. Ainda, na existência de tais fatores, as respostas das políticas monetárias e fiscaisaos choques externos serão as mesmas para todos os países. Nesse sentido, a política fiscal e/ou monetária em comumnão implicaria prejuízo a um determinado país, enquanto beneficiasse a outro. A Zona do Euro, entretanto, é atualmente o resultado de vários atalhos tomados para sustentar um objetivo: uma
União Monetária composta por uma série de países diferentes, nem mesmo com variáveis macroeconômicas convergentes e, ainda,sem um agente central fiscal capaz de implantar disciplina fiscal(o