Crise mental
O atendimento à crise em saúde mental: ampliando conceitos1
Sabrina Helena Ferigato2 Rosana T. Onoko Campos3 Maria Luisa G. S. Ballarin4 Universidade Estadual Campinas
Resumo: Buscamos por meio deste trabalho possibilitar a conceituação, reflexão e discussão em torno do tema da crise em saúde mental, com o objetivo de contextualizar o atendimento à crise oferecido nos equipamentos substitutivos. Procuramos construir o entendimento da crise, não apenas como um estado de agudização da sintomatologia psiquiátrica que deve ser suprimido com a maior agilidade possível, mas como um momento que deve ser cuidadosamente investido em seu potencial transformador e criativo. Para isso, consideramos importante a realização de uma breve contextualização histórica dos processos de atenção à crise nas práticas psiquiátricas para posteriormente potencializarmos o momento da relação atualmente estabelecida entre a equipe de saúde e o usuário, entendendo este encontro como um momento extremamente significativo para o desenrolar desta mesma crise. Palavras-Chave: saúde mental; crise, relação Equipe-usuário.
Introdução Seguramente, podemos dizer que atualmente vivemos uma crise dos fundamentos de nossa existência pessoal, nacional e mundial. “Se olharmos a Terra como um todo, perceberemos que quase nada funciona a contento” (Boff, 2002, p.13). Por isso, quando falamos em crise, não estamos nos referindo apenas a uma experiência individual e nem a um privilégio apenas de pessoas portadoras de sofrimento psíquico. Podemos estar nos referindo a um contexto global, a uma circunstancia pela qual, seguramente, todos nós já passamos ou passaremos um dia. Segundo Boff (2002), o próprio nascimento pode ser considerado como um momento de crise. “A criança, ao nascer passa pela crise mais aguda de sua vida” (Boff, 2002, p.26): a abrupta alteração de temperatura e luminosidade, a forte pressão para ser posta