Crise dos alimentos
Todos estes fatores estão ligados à crise dos alimentos, um fenômeno mundial que foi parar no topo da lista de preocupações dos países desenvolvidos. O motivo é que, neste começo de 2011, o preço dos gêneros alimentícios atingiu o pico pela segunda vez em menos de quatro anos.
Na outra vez, entre 2007 e 2008, milhares de pessoas atravessaram a linha que separa a pobreza da miséria. Houve protestos em países da África e da Ásia. As causas foram praticamente as mesmas da crise atual: aumento do número de consumidores, alta do barril de petróleo, queda do dólar (os alimentos são cotados no mercado internacional em dólar) e mudanças climáticas.
Na verdade, a crise dos alimentos é fruto do desequilíbrio na relação econômica entre oferta e procura. Há uma diminuição na oferta de produtos e uma maior procura, o que encarece a mercadoria. Imagine que uma safra de tomates seja perdida devido a enchentes. E que a demanda pelo produto tenha crescido. Com menos tomates no mercado e mais gente querendo comprar, os comerciantes irão cobrar mais caro pelos estoques.
Mas quais são as causas desse desequilíbrio na economia mundial dos alimentos? Carros x pessoas
Do lado da demanda, há um constante aumento do consumo de alimentos. Isso ocorre por dois fatores principais.
Primeiro, o crescimento da população mundial, que hoje é de 6,9 bilhões. Apesar do número de habitantes do planeta ter registrado uma queda de 1,2% no ano passado, ele quase dobrou desde os anos 1970. E, para as próximas quatro décadas, estima-se 80 milhões de bocas a mais para alimentar a cada ano.
Em segundo lugar, aumentou também o consumo de alimentos – grãos, carnes, leite e ovos – em países em desenvolvimento, como a Índia e o Brasil. Na China, por exemplo, o consumo de carne é quase o dobro dos Estados Unidos. E, para produzir carne, são necessários grãos (oito quilos de grãos para cada quilo de carne bovina).
Além disso, a elevação do preço do barril de petróleo estimulou