A crise dos alimentos
Das duas crises que perturbam a economia mundial -o desarranjo financeiro e a alta dos preços dos alimentos- esta última é mais perturbadora. Em muitos países em desenvolvimento, a quarta parte mais pobre dos consumidores gasta próximo de três quartos de sua renda em alimentos. Inevitavelmente, os preços altos ameaçam agitação na melhor das hipóteses e fome em massa na pior.
As recentes altas de preços se aplicam quase que exclusivamente a alimentos básicos e rações animais. Mas estes saltos fazem parte de uma variedade mais ampla de commodities cujos preços estão em alta. Forças poderosas estão ligando os preços da energia, matérias-primas industriais e alimentos. Estas forças incluem o rápido crescimento do mundo emergente, problemas na oferta mundial de energia, a desvalorização do dólar americano e pressões inflacionárias globais.
Mas o elemento alimentar desta história possui uma relevância própria. Como o HSBC apontou em uma recente análise (“Food Fight”, 15 de abril), com a alta dos preços do arroz e do trigo, tumultos nas ruas das Filipinas, Egito e Haiti e a decisão da Índia, Vietnã, Camboja e China de restringir a exportação de arroz, o alimento repentinamente se tornou um assunto mais quente do que o normal.
Então por que os preços dos alimentos subiram tão fortemente? Estes preços altos durarão? Que ação deve ser adotada em resposta?
No lado da demanda, o forte aumento da renda per capita na China, Índia e outros países emergentes aumentou a demanda por comida, principalmente carne e as rações animais relacionadas. Esta mudança no uso das terras reduziu a oferta de cereais disponíveis para consumo humano.
Além disso, o aumento da produção de biocombustíveis subsidiados, estimulada ainda mais pelo aumento dos preços do petróleo, aumenta a demanda por milho, óleo de canola e outros grãos e óleos comestíveis que poderiam ser voltados para a alimentação. O mais recente Panorama