Crinaça da natureza
PRADO, Patrícia Dias
Não contemplada neste título mas o começo de tudo para mim, a Psicologia, campo do conhecimento de minha formação primeira é aqui referida sim, mas como a mola propulsora de alguns de meus antigos e recentes questionamentos. Antigos aqueles advindos de minha experiência direta com crianças[1], que me revelavam um mundo novo e inusitado que parecia ir além dos estudos psicológicos sobre o desenvolvimento infantil no que tange as questões relativas à natureza e ao caráter do brincar. As crianças brincavam somente para reduzir tensões, conflitos ou frustrações da vida real? Perguntava à Psicanálise. Compensar as pressões sofridas no cotidiano e trabalhar suas emoções mais fortes (OLIVEIRA et al. 1992,59)? Perguntava à própria Psicologia. E ela mesma responderia-me, que as brincadeiras infantis resultam da experiência direta com os adultos, através da imitação e da observação, caracterizando-se como espaços privilegiados de interações sociais, com associação de novos significados e construção de novos conhecimentos pelas crianças (VIGOTSKII 1984). Atualmente, esta mesma Psicologia, que vem construíndo um campo de pesquisa que concebe a creche como ambiente interacional e se preocupa, portanto, com o valor das interações e das brincadeiras no desenvolvimento infantil (SILVEIRA et al 1987, ROSEMBERG 1989, OLIVEIRA 1989, CARVALHO e BERALDO 1989, JOBIM e SOUZA 1994, PEDROSA e CARVALHO 1995, KRAMER e LEITE 1996), investiga crianças menores de 3 anos em creche e sugere que a atividade e interação entre as crianças não depende apenas do nível de competência cognitiva ou linguística atingido por elas (FERREIRA 1988,61).
Uma vez que a apropriação e construção da cultura pelo homem concretizam-se na e pela interação de uns com os outros, numa elaboração conjunta de significados sociais, pode-se modificar