criatividade 1
Eunice M. L Soriano de Alencar
Professora do Depto. de Psicologia da
Universidade de Brasilia.
O
interesse da Psicologia pelo estudo da criatividade é relativamente recente. Nas primeiras décadas após a fundação do laboratório de Wundt, na Alemanha, marco do início da Psicologia como ciência, predominou um interesse pela investigação de processos relativamente menos complexos, como sensação, percepção e motivação.
Nesse período, observaram-se também as primeiras indagações sobre a natureza da inteligência e as primeiras tentativas de desenvolver instrumentos de medida deste construto.
Durante toda a primeira metade do presente século, foi a investigação da inteligência que predominou entre os psicólogos interessados no estudo dos processos de pensamento. Nesta época, prevaleceu um consenso de que criatividade não apresenta nenhum problema especial, uma vez que o conceito de inteligência era considerado por muitos psicólogos como suficiente para explicar todos os aspectos do funcionamento mental, presumin¬ do-se ainda que os testes de inteligência poderiam medir qualquer processo que ocorresse na mente (Getzels e
Csikszentmihalyi, 1975). Por algum tempo nesse período, predominou também a idéia de que a inteligência era fixa e unidimensional, subesti¬ mando-se a contribuição do ambiente e da experiência.
Outras idéias eram também comuns na primeira metade do século, ajudando a explicar o domínio da inteligência como o aspecto de maior interesse pela Psicologia. Uma dessas idéias era que a inteligência se aplica-
va a qualquer pessoa, ao passo que a criatividade, acreditava-se, era uma prerrogativa de apenas alguns poucos privilegiados. Esta era vista como um dom divino, presente em apenas um grupo seleto de sujeitos, supondo-se que nada poderia ser feito no sentido de incrementá-la no indivíduo. Para muitos, a criatividade implicava apenas um lampejo de inspiração, que ocorria em determinados indivíduos sem uma razão explicável. Por outro