A Camera Clara
A CÂMARA CLARA
Nota sobre a fotografia
Tradução de
Júlio Castafion Guimarães
9·' impress:ío
•-
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NOVA
FRONTEIRA
(D Cahicrs du Cinetna/Callilllard/Seuil 19HO
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B294c
Banhes, Roland
A címara clara: nota sobre a fotografia /
Roland Barrhes ; tradução de Jlilio CastaflOn
GuimarJ.cs. - Rio de Janeiro:
NOV;l
Fronteira,
1984
Tradução de: La chambrc cbirc: note sur
la photographie.
ISBN 8'5-209-0480-7
1. fotografia. I. Título.
CDD 770
CDL; 77
Em homenagem a O Imaginário de Sartre
Daniel Boudioct: Poi.TOItJ. 1979.
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Um dia, há muito tempo, dei com uma fotografia do último irmão de Napoleão, Jerônimo (1852). Eu me disse então, com um espanto que jamais pude reduzir: "Vejo os olhos que viram o Imperador." Vez ou outra, eu falava desse espanto, mas como ninguém parecia compartilhá-lo, nem mesmo compreendê-lo (a vida é, assim, feita a golpes de pequenas solidões), eu o esqueci. Meu interesse pela
Fotografia adquiriu uma postura mais cultural.
Decretei que gostava da Foto contra o cinema, do qual, todavia, eu não chegava a separá-la.
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Quem podia guiar-me?
Desde o primeiro passo, o da classificação
(é preciso classificar, realizar amostragens, caso se queira constituir um corpus), a Fotografia se esquiva. As divisões às quais ela é submetida são de fato ou empíricas (Profissio-
nais/ Amadores), ou retóricas (Paisagens/Objetos/Retratos/Nus), ou estéticas (Realismo/