Crianças Selvagens
Lucien Malson, "Les Enfants Sauvages" As crianças selvagens são crianças que cresceram com contacto humano mínimo, ou mesmo nenhum. Podem ter sido criadas por animais (frequentemente lobos) ou, de alguma maneira, ter sobrevivido sozinhas. Normalmente são perdidas, roubadas ou abandonadas na infância e depois, anos mais tarde, descobertas, capturadas/ recolhidas entre os humanos.
Os casos que se conhecem de crianças selvagens revestem-se de grande interesse científico. Elas constituem uma espécie de grau zero do desenvolvimento humano, ensinam-nos o que seríamos sem os outros, mostram de forma abrupta a fragilidade da nossa animalidade, revelam a raiz precária da nossa vida humana.
Em termos de linguagem, as crianças selvagens só conhecem a mímica e os sons animais, especialmente os das suas famílias de acolhimento. A sua capacidade para aprender uma língua no seu regresso à sociedade humana é muito variada. Algumas nunca aprendem a falar, outras aprendem algumas palavras, outras ainda aprenderam a falar corretamente o que provavelmente indicia que tinham aprendido a falar antes do isolamento.
Em termos de comportamento, as crianças selvagens exibem o comportamento social das suas famílias adotivas. Não gostam em geral de usar roupa e alimentam-se, bebem e comem tal como um animal o faria. A maioria das crianças selvagens não gosta da companhia humana e percorre longas distâncias para a evitar.
Algumas crianças selvagens não mostram interesse algum noutras crianças da sua idade nem nos jogos que estas jogam. Na medida em que não gostam da companhia humana, procuram a companhia dos animais, particularmente dos animais semelhantes à espécie dos seus pais adotivos. Ao mesmo tempo, também os animais reconhecem estas crianças, aproximando-se delas como