crianças na rua
Por: Sonia das Graças Oliveira Silva
Tenho observado na porta de minha casa, quase todos os dias, crianças que passam pedindo coisas como: casacos, brinquedos, roupas em geral, tênis. Coisas para comer não são pedidos primordiais. Eles estão atrás de coisas que lhes possibilitem ficar mais tempo na rua. Perguntei a um garotinho porque não me pedia um pão ou um lanche. Ele respondeu que isso todo mundo dava. Ele queria era roupas, agasalhos, pois estava chovendo, e ele precisava ficar mais tempo na rua. Até um guarda-chuva velho, se eu o tivesse ele preferia...
Crianças de rua... Crianças na rua... Jorge Amado, grande escritor brasileiro narra em seu sexto romance, Capitães da areia, em 1937, o que ainda hoje acontece nas ruas.
O escritor mostra muito bem a realidade das crianças e dos adolescentes no início do século XX. Ele descreve a vida, o cotidiano de um grupo de meninos que utilizavam a rua como seu único espaço de sobrevivência. O livro Capitães da areia descreve com presteza o tema que persiste até hoje: o problema do menor abandonado na sociedade brasileira; suas tristezas e mágoas, a distribuição injusta da riqueza, a falta de emprego e os salários miseráveis.
Essas crianças não estão nas ruas por que querem. Estão na rua porque não encontram em casa o que precisam, isso quando têm casa. Para elas a rua representa a liberdade e na rua elas têm a impressão de que vão acabar todos os seus sofrimentos. São filhos de pais e mães que bebem constantemente, pais agressivos, que batem nelas o tempo todo e por qualquer motivo. Muitas dessas crianças não conhecem seus pais. Por vezes, a mãe vive com outro companheiro, que não é pai das crianças. Algumas são abusadas sexualmente dentro de casa mesmo, outras são estupradas na rua.
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Muitas mães são sozinhas, não tem companheiro e vão para as ruas com irmãozinhos menores no colo para pedirem esmolas. Algumas dessas crianças possuem irmãs jovens que já se prostituem ou irmãos que