CRIANÇA NA FASE INICIAL DA ESCRITA
Ana Luiza Bustamante Smolka.
A alfabetização tem se revelado uma das questões sociais mais fundamentais em virtude de suas implicações político-econômicas e por ser ao mesmo tempo instrumento de veículo de uma politica educacional que ultrapassa em muito o espaço meramente acadêmico e escolar. A democratização do ensino produz a ilusão de um maior número de alfabetizados no menor tempo possível. Ocorre que no processo da produção do ensino em massa praticas pedagógicas aplicadas não apenas discriminam e excluem como emudecem e calam.
Durante as décadas de 1960 e 1970, o Estado brasileiro difundiu e implementou a ideia da educação compensatória, confundindo propositalmente diferença com deficiência, criou e de certa forma consolidou inúmeros mitos com relação ao fracasso escolar.
Para compensar esta nova deficiência era necessário implantar os cursos de treinamento e os manuais didáticos para o processor malformado, mal informado e desatualizado. Segundo Smolka, a escola que se mostrou deficiente em sua tarefa pedagógica de alfabetizar, passou a apontar cada vez mais uma série de patologias nas crianças: dislexias, problemas psicomotores, fonéticos, neurológicos; o desinteresse total, a apatia, a falta de motivação, isto é começam a surgir nas crianças problemas que não necessariamente, elas os têm.
No começo da década de 1980, os pesquisadores brasileiros começam a ter acesso aos primeiros resultados do estudo de Emilia Ferreiro sobre os processos de aquisição da linguagem escrita em crianças pré-escolares argentinas e mexicanas, indagando os métodos de alfabetização existentes. É a partir deste trabalho que Smolka desenvolveu sua pesquisa sobre os processos de aquisição da escrita nas crianças, cujos resultados este livro apresenta.
PO que de fato se comprovou, segundo Smolka, foi a indiscutível influencia das condições de vida das crianças no processo de elaboração e