Crescimento sustentável, não, obrigado
CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL? NÃO, OBRIGADO.*
HERMAN E. DALY**
PROPOSIÇÕES IMPOSSÍVEIS são a própria base da ciência. Na ciência, muitas coisas são impossíveis: viajar mais rápido do que a velocidade da luz; criar ou destruir matéria-energia; construir uma máquina de movimento perpétuo, e assim por diante. Respeitando o teorema da impossibilidade,1 nós evitamos gastar recursos em projetos que estão sujeitos a falhar. Economistas deveriam, por conseguinte, estar muito interessados no teorema da impossibilidade, especialmente aquele que eu demonstro neste capítulo: isto é, que é impossível sair da pobreza e da degradação ambiental através do crescimento econômico mundial. Em outras palavras, crescimento sustentável é impossível. Em suas dimensões físicas, a economia é um subsistema aberto do ecossistema terrestre, o qual é finito, não-crescente e materialmente fechado. À medida que o subsistema econômico cresce, ele incorpora uma proporção cada vez maior do ecossistema total e deve alcançar um limite a 100%, se não antes. Por isso, seu crescimento não é sustentável. O termo crescimento sustentável quando aplicado à economia é um mau oxímoro – contraditório como prosa e não evocativo como poesia.
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Este artigo foi originalmente publicado em MANDER, Jerry & GOLDSMITH, Edward (eds.). The case against the global economy (and for a turn toward the local). San Francisco: Sierra Club Books, 1996, p. 192-96, sob o título “Sustainable growth? No thank you”. Americano, economista, professor da Universidade de Maryland, EUA (School of Public Affairs). Nos últimos 25 anos, Herman E. Daly tem sido um dos críticos pioneiros no questionamento da validade da economia convencional. Ainda mais notável, ele fez muitas de suas mais importantes críticas enquanto mantinha sua posição como economista sênior do Departamento Ambiental do Banco Mundial, o qual deixou em 1994. Dr. Daly foi professor de economia na Universidade Estadual de Louisiana e