Crates de malo
Crates (gr. Κράτης) foi o primeiro bibliotecário da Biblioteca de Pérgamo, na época do reinado de Eumenes II Sóter (-197 a -159). Grande erudito — gramático, professor de literatura[1], filósofo (?), geógrafo —, escreveu a respeito da literatura grega com viés filosófico, notadamente estoico, e sobre Homero.
Biografia
Nasceu em Malos, na Cilícia, região da Ásia Menor; viveu algum tempo em Tarso, cidade também situada na Ásia Menor e, posteriormente, mudou-se para Pérgamo. Segundo Varrão, seu sistema gramatical baseava-se no de um certo Crisipo, com quem pode ter estudado (Smith, 1867). Em -157, provavelmente, esteve em Roma como embaixador do reino de Pérgamo e, devido a um acidente em que fraturou a perna, teve que lá permancer durante um certo tempo. Para passar o tempo, apresentava conferências e consta que despertou pela primeira, nos romanos, o gosto pelo estudo da "gramática" (Suet. Gram. 1). Sua influência sobre os eruditos romanos posteriores foi considerável.
Crates teve muitos seguidores e sua reputação, em vida, era pouco inferior à de Aristarco, seu rival de Alexandria. Dionísio de Halicarnasso refere-se a esses seguidores como pertencentes à "escola de gramática de Pérgamo" (D.H. Din. 1.16 e 11.100).
Obra
Nos estudos gramaticais, Crates era adepto do princípio da anomalia, do desvio da regra geral, e se opunha a Aristarco da Samotrácia, que defendia o princípio da analogia, i.e., da semelhança ou similaridade[2]. Escreveu um tratado sobre o dialeto ático, do qual restam pequenos fragmentos.
Seu estudo sobre os poemas homéricos, em nove livros, denominado Edição crítica da Ilíada e da Odisséia (gr. Διόρθωσις Ἰλιάδος καὶ Ὀδυσσείας), propunha uma interpretação alegórica de Homero que se tornou famosa, na época. Segundo ele, o poeta apresentava verdades científicas e filosóficas sob a forma de poesia. Da obra restam somente alguns pequenos trechos, presentes nos escólios[3] de alguns