Cratera da Panela
Jornal do Commercio – Ciência e Meio Ambiente
Origem de cratera intriga pesquisador
MATA NORTE Estudioso de buracos abertos por meteoritos busca vestígios em açude de Paudalho. Ele já identificou o formato, mas fará análises química, estrutural e mineralógica
Aos olhos dos vaqueiros da Fazenda Cajueiro, em Paudalho, a 40 quilômetros do Recife, na Zona da Mata Norte, o açude da propriedade é como tantos outros da região. Um lugar onde o gado mata a sede e, ocasionalmente, se toma banho. Mas, para o pesquisador Pierson Barreto, trata-se provavelmente de cratera aberta por um meteorito.
Com 350 metros de diâmetro, o buraco, hoje ocupado pela água graças a uma barragem, tem a forma elíptica. “É uma das características dos buracos abertos pelo choque dos meteoritos”. Apresentar a morfologia de uma cratera de impacto, no entanto, não é o suficiente. Ainda há três pré-requisitos que devem ser preenchidos ? a estrutura, a mineralogia e a composição química ? para que a lagoa de Paudalho, na localidade de Guadalajara, seja classificada como tal.
Pierson, que desde 2009 está à caça de crateras de impacto no Nordeste, relata que muitas dessas estruturas foram formadas entre 16.000 e 12.900 anos atrás, quando a Terra passou da época plistocênica para a holocênica. “Foi a chamada Era do Gelo, quando cataclismos com chuvas de meteoros se abateram sobre o planeta.”
O arquiteto, com mestrado em desenvolvimento urbano e doutorado em recursos hídricos pela UFPE, encontrou a paleolagoa analisando imagens do satélite Google Earth. “Trabalhei com crateras de impacto no Sertão de Pernambuco e do Piauí. Como estou envolvido num projeto de divulgação científica, precisava de uma mais perto, para levar os professores de alunos. Daí cheguei até a de Paudalho”, relata.
O pesquisador marcou para retornar ontem ao local, com um grupo de dez professores e dois alunos da Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio