formacao de engenheiros
O verdadeiro gargalo na formação de engenheiros
Mais vagas em cursos de Engenharia não compensam a má qualidade da educação básica
Entre as questões em debate em educação, destacam-se hoje a motivação dos nossos jovens para cursar o ensino médio e a quantidade de profissionais em áreas de ciência e tecnologia. Muitos encaram o desafio com propostas pensadas no sentido de solucionar o obstáculo para a frente no tempo escolar: reformar o ensino médio para torná-lo atrativo, por exemplo. Ou formar mais engenheiros e mais professores de química e física criando vagas no ensino superior para essas carreiras. Essas propostas são importantes, mas não levam em consideração limitações de perfil dos alunos, resultantes de falhas no ensino fundamental.
O que de fato limita a qualidade e o número de formandos nas áreas de ciências exatas e tecnológicas? Dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, em OCDE (2010), PISA 2009 Results: What Students Know and Can Do – Student Performance in Reading, Mathematics and Science (volume 1)http://dx.doi.org/10.1787/9789264091450-en) apontam que a maior restrição está no número de jovens com habilidades mínimas em matemática. Habilidades que os capacitem a seguir, com sucesso, o ensino médio e, depois, uma carreira nas áreas de exatas e tecnológicas. Essa deficiência na formação, que ainda pode ser somada a outras (leitura, por exemplo), impedirá que qualquer eventual reforma produza resultados na escala esperada. Os resultados de avaliações internacionais tendem a repercutir entre nós apenas pela constatação de que estamos nas últimas colocações. Mas o PISA vai muito além de um mero ranking: fornece dados sobre o desempenho dos jovens de 15 anos distribuídos em seis níveis distintos de competência. Explorar mais atentamente esses dados pode ajudar a iluminar o debate.
O exame do PISA em 2009 foi feito por aproximadamente 470 mil estudantes com 15 anos de idade em todo o mundo. A amostra representa 26