Memoria
As primeiras manifestações simbolistas já eram sentidas desde o final da década de 80 do século XIX. Apesar disso, tem-se apontado como marco introdutório do movimento simbolista brasileiro a publicação, em 1893, das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), de nosso maior autor simbolista: Cruz e Sousa.
CRUZ E SOUSA
Cruz e Sousa (1861-1898) nasceu em Florianópolis, Santa Catarina. Filho de escravos, foi amparado por uma família aristocrática, que o ajudou nos estudos. Com a morte do protetor, abandona os estudos e começa a trabalhar na imprensa catarinense, escrevendo crônicas abolicionistas e participando diretamente de campanhas em favor da causa negra. Ele próprio mais de uma vez fora vítima de preconceito racial. Em 1890, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde sobrevive trabalhando em vários empregos. Depois de ter tido na juventude uma grande desilusão amorosa, ao apaixonar-se por uma artista branca, casa-se com Gavita, uma negra que, anos depois, manifesta problemas mentais. Dos quatro filhos que o casal teve, apenas dois sobrevivem. Cruz e Sousa morre aos 36 anos, vítima de tuberculose. Suas únicas obras publicadas em vida são Missal e Broquéis.
Hoje, Cruz e Sousa é considerado o mais importante poeta simbolistas brasileiro e um dos maiores poetas nacionais de todos os tempos. Contudo, o escritor só teve seu valor reconhecido postumamente, depois que o sociólogo francês Roger Bastide o colocou entre os maiores poetas do simbolismo universal.
Sua obra poética apresenta diversidade e riqueza. De um lado, encontram-se nela aspectos noturnos do Simbolismo, herdados do Romantismo: o culto da noite, certo satanismo, o pessimismo, a morte. De outro lado, há certa preocupação formal, que aproxima Cruz e Sousa dos parnasianos: a forma lapidar, o gosto pelo soneto, o verbalismo requintado, a força das imagens; há, ainda, a inclinação à poesia metafísica e filosófica, que o aproxima da poesia realista portuguesa,