Cozinha
Sem a menor dúvida, a cozinha vem contando a história da evolução humana. Na pré-história, em 4000 a.C., o espaço reduzia-se a uma simples fogueira para cozinhar uma carne e afastar os animais maiores. Encarada como um local sujo e braçal até o século 18, ela foi parar perto das acomodações da criadagem, em porões afastados do olfato da burguesia. E, ao passar pela Revolução Industrial, na segunda metade do século 19, a cozinha começa a ser pensada como uma linha de produção. E assim surge a aplicação da lógica à cozinha para, somente no século passado, na década de 20, absorver conceitos otimizadores do espaço.
O renascimento do espaço começou pela arquiteta vienense Margarete Schütte Lihotzky. Ela desenvolveu o conceito da Cozinha de Frankfurt em 1926. Em parceria com o arquiteto Ernest May, de Frankfurt/Main – responsável pela urbanização de Frankfurt – surgiu um programa de construções de residências progressivo, por meio do qual as áreas de mobília de moradias deveriam ser equipadas de forma mais racional.
A Cozinha de Frankfurt foi inspirada nas cozinhas dos navios de guerra alemães. Nestas embarcações produziam-se enormes quantidades de comida em espaços relativamente pequenos. Assim, iniciaram-se os primeiros estudos da tarefa doméstica no campo da ergonomia aplicada ao projeto arquitetônico, conta André Luiz Souza Barbosa, em sua dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (Universidade de São Paulo).
O projeto técnico daquela época para cozinhas orientou-se pelo taylorismo dos anos 20, que maximizava desempenhos do trabalhador em determinados espaços. Por esta veia, percursos de trabalho e ciclos de movimento foram examinados com fita métrica e cronômetro, e revertidos ao conceito da cozinha.
E surgia a cozinha embutida, que economizava trabalho e foi instalada em mais de 10 mil moradias durante a implantação do plano diretor da