Cotas
A nação brasileira passou a definir a partir de 29 de agosto de 2012, os direitos das pessoas com base na tonalidade da sua pele, pela "raça". Uma política anti-racista tem de afirmar a não existência de raça, a partir do princípio iluminista da igualdade política e jurídica do cidadão. De acordo com o artigo 5º da Constituição Federal brasileira somos todos iguais, sem distinção de qualquer natureza. As cotas mascaram e forçam a perpetuação de um dos problemas mais graves da educação no Brasil: a péssima qualidade das escolas públicas do ensino médio e fundamental. Se tivéssemos um ensino básico decente, esses alunos conseguiriam competir de igual para igual com os alunos das particulares. Mas é claro que é mais fácil criar cotas do que investir na base. Negros pobres e brancos pobres, afinal, têm exatamente as mesmas dificuldades. E os alunos das escolas públicas não têm mais problemas para entrar nas universidades federais porque são pobres – ou negros, índios, brancos, amarelos -, mas sim porque não conseguem superar a barreira imposta pelo ensino deficiente que receberam. O vestibular é uma instituição democrática, pois não leva em consideração a raça, o sexo ou a história escolar do candidato. A dificuldade de acesso dos negros e da população pobre não é gerada pelo vestibular, porque ele somente reflete a desigualdade acumulada por essa parcela da população ao longo de sua história escolar. Diferente de países como a África do Sul e os Estados Unidos, no Brasil nunca existiu um racismo institucionalizado. As desigualdades aqui, desde a libertação dos escravos, sempre se deram de maneira mais estrutural a partir das desigualdades econômicas. O problema educacional brasileiro está mais vinculado às extremas desigualdades de classe, sendo assim declaro o réu Cotas culpado do processo número 203 em 19 de novembro de 2014 no Tribunal do Juri do Ordem e Progresso.