Cortiço Cabeça de Porco
Na gíria popular, é comum dizer que um imóvel de péssima qualidade não passa de uma “cabeça-de-porco”. Muitos jovens não sabem, mas o termo surgiu no final do século 19 e era o nome do maior cortiço do Centro do Rio de Janeiro, com quase 4 mil moradores.
Precursores das favelas, os cortiços eram a única opção de moradia dos mais pobres, especialmente de escravos recém-libertos, num Brasil que dava os primeiros passos rumo à industrialização. Eram locais insalubres e, acreditavam-se, verdadeiros focos de doenças habitados por marginais e prostitutas, as “classes perigosas”.
No início da noite de 26 de janeiro de 1893, por ordem do prefeito do Distrito Federal, Cândido Barata Ribeiro, a polícia ocupou o mais célebre dos cortiços cariocas da época, conhecido como Cabeça de Porco, no centro da cidade. A estalagem, conjunto de casinhas onde viviam em torno de 3 à 4 mil pessoas, conforme a fonte, foi em seguida desocupada, sem que se desse aos moradores o tempo necessário para recolher suas coisas — e, em poucas horas, demolida. A justificativa apresentada para a "decepação" — como escreveu o Jornal do Brasil — do Cabeça de Porco foi que se tratava de um "valhacouto de desordeiros". Para o historiador Sidney Chalhoub, sua destruição "marcou o início do fim de uma era, pois dramatizou, como nenhum outro evento, o processo em andamento de erradicação dos cortiços cariocas" — do qual decorreria, imediatamente, o surgimento das primeiras favelas do Rio de Janeiro. Não tardou para que a expressão "cabeça-de-porco" se impusesse como sinônimo de cortiço. Ilustração da mentalidade das elites, e não apenas as da época, para as quais classes pobres seriam sinônimo de classes perigosas, a brutal eliminação do Cabeça de Porco foi uma prefiguração do "bota-abaixo" que, dez anos depois, na gestão do prefeito Pereira Passos, mudaria a face do Rio de Janeiro.
Conclusão:
O Cortiço – Cabeça de Porco foi marcado por ser a única moradia dos mais pobres que