Corrupção e impunidade no Brasil
Os escândalos de corrupção política já não são novidades para os brasileiros. Em pouco tempo ocorreram os casos do mensalão no Congresso Nacional, os atos secretos no Senado e por último a farra de propinas no governo do Distrito Federal. Embora em contextos distintos, eles têm algo em comum: são graves, e os culpados permanecem impunes. Nada obstante, o presidente Lula apresentou projeto com a finalidade de qualificar os crimes de corrupção ativa e passiva como hediondos. Será essa a solução para acabar com a corrupção política e a impunidade? Decerto, a corrupção se banaliza porque encontra abrigo na impunidade. É triste. A ideia de que o crime compensa se aplica bem à corrupção política, pois raramente o agente político flagrado num esquema ilegal é punido. Ora, os indiciados do mensalão e dos atos secretos tiveram alguns prejuízos políticos, mas, até o momento, não foram punidos nem ressarciram os cofres públicos. A impunidade é tamanha que no caso de corrupção do governo do DF, e apesar das fortes evidências de improbidade, a Câmara Legislativa do DF decidiu entrar em recesso sem se manifestar sobre o processo de impeachment do governador. O que falta para punir os corruptos? Será que faltam leis mais severas? Não necessariamente. A impunidade no caso da corrupção política não se dá por falta de leis, mas por inúmeras formas de burlar a aplicação das normas existentes.
Duas estratégias são conhecidas para delongar ou impedir a punição. A primeira delas é o uso espúrio dos institutos de foro privilegiado e imunidade, os quais colocam os agentes políticos brasileiros numa espécie de redoma. A segunda é o uso desmedido de recursos e manobras judiciais, os quais arrastam processos por anos ou décadas sem solução.
Na verdade, as leis até existem, o problema é que elas dificilmente alcançam os agentes políticos.
Assim, mesmo que a corrupção política seja classificada no rol dos crimes hediondos,