Correntes antropológicas evolucionismo
Darwin: o evolucionista atormentado
Por Ederson Santos Lima
03/02/2009
Quando pensamos no entusiasmo do jovem Darwin viajando a bordo do HMS Beagle e construindo, com base em suas observações, anotações e raciocínios, suas ideias sobre evolução e seleção natural, é compreensível imaginarmos que o caminho percorrido desde a escrita de A origem das espécies até sua publicação não foi muito longo e que bastou achar algum editor disposto a lançar o texto revolucionário. Ledo engano: ele levou quase 20 anos para tomar coragem e publicar sua obra. E esse tempo só não se prolongou em virtude da “concorrência” de outro pesquisador, chamado Alfred Russel Wallace, que acabou chegando, por caminhos diferentes, a conclusões semelhantes às de Darwin.
O que teria levado Darwin a protelar tanto tempo a publicação de suas ideias? Para responder a essa pergunta, temos de nos lembrar do contexto histórico em que estava inserido. A Inglaterra que conheceu, no século XIX, era um reino dominado pelo pensamento religioso cristão, em especial o anglicano, no qual a versão bíblica ainda era considerada a versão oficial da história do homem. Além disso, acreditava-se que os animais estavam adaptados ao meio ambiente desde os tempos da criação divina.
Mas a Inglaterra daqueles tempos não era só isso. Era também um vulcão em plena erupção. A ilha britânica foi o palco onde teve início, a partir de 1750, a Revolução Industrial, que, aliás, continua a influenciar o mundo até hoje.
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Foi também o cenário onde nasceram importantes movimentos operários, como o ludismo, o cartismo, o socialismo utópico e o chamado socialismo científico, que questionavam a monarquia (o Estado), a Igreja e a burguesia, ou seja, a própria estrutura do país. As greves e as passeatas de trabalhadores por melhores condições de trabalho e salário aconteciam em todas as cidades inglesas. Essas manifestações acabavam, muitas vezes, em prisões e enforcamentos