Corpos cetonicos
Desde o século XIX que os corpos cetônicos sofrem o estigma de estarem associados à cetoacidose diabética e a um metabolismo anômalo dos hidratos de carbono.
A formação de ácido acetoacético em lugar de dióxido de carbono e água era considerada como que uma metabolização parcial da gordura. Deduziu-se então, que a combustão completa dos lipídios necessitaria de uma oxidação simultânea de hidratos de carbono, uma assunção abusiva e celebrizada por Naunyn com a frase: “as gorduras queimam à chama dos hidratos de carbono”. Com o desenvolvimento científico, os corpos cetônicos provaram ser componentes normais do sangue, não dependentes de disfunções metabólicas, e fontes legítimas de energia em condições específicas.
Para compreender a Cetose há que fazer certas considerações acerca do metabolismo dos hidratos de carbono. À medida que os nutrientes ingeridos vão sendo captados pelos tecidos periféricos, a concentração de glicose no sangue diminuem gradualmente. Em paralelo, os níveis de insulina decrescem, reduzindo assim a taxa de captação de glicose pelo músculo e adipócitos. Da mesma forma, a hidrólise do glicogênio hepático aumenta, bem como a gluconeogênese a partir de lactato, glicerol ou aminoácidos.
A produção de corpos cetônicos é, portanto, um processo que permite a transferência de carbonos oxidáveis do fígado para outros órgãos. Esta produção é anormalmente alta quando a degradação de triagliceróis aumenta muito sem ser acompanhada por degradação proporcional de carboidratos.
Em condições normais, o cérebro utiliza a glicose como fonte energética, consumindo por sua conta até 150g/dia. A idéia de que o cérebro apenas subsiste com glicose perdurou durante décadas, mas hoje é reconhecido que os corpos cetônicos são, igualmente, uma importante fonte energética em condições metabólicas particulares. Assim, a redução nos níveis de insulina diminui a captação da glicose pelos tecidos periféricos de forma que, em condições de escassez, ela esteja