Corporeidade e Motricidade
Mens sana in corpore sano
Nossa herança cultural tem como fundamento mais forte a cultura grega, mais especificamente as idéias de Platão e Aristóteles, formadores do pensamento cristão e de toda civilização chamada "ocidental". A vida na Grécia pode não ter sido o retrato desses pensadores, mas o que sobreviveu para a formação de nossa cultura foi o imaginário materializado em seus escritos.
A antropologia basilar de nossa tradição é a que estabelece a preexistência da alma e sua imortalidade. Diz Platão, no Fedro:
Partiremos do seguinte princípio: toda a alma é imortal, porque aquilo que se move a si mesmo é imortal... Sendo o princípio coisa que não se formou, deve ser também, evidentemente, coisa que não que não pode ser destruída... Uma vez posto que o que se move a si mesmo é imortal, ninguém poderá deixar de reconhecer que precisamente é essa a essência da alma. Todo corpo movido de fora é inanimado e tudo o que se move de dentro, por si mesmo é animado, de maneira que é esta a natureza da alma. (PLATÃO, p. 151)
Essa concepção forjou uma das pedagogias (teoria de como acontece o processo educativo) mais antigas, a maiêutica socrática, a teoria das reminiscências. (Mênon e Fedro) A maiêutica é a arte de educar refutando idéias falsas para trazer à luz, parir, as verdades, tais como elas são. As verdades são eternas tais como a alma, que já as contemplou antes de ter caído na prisão do corpo. "A alma participa do divino mais do que qualquer outra coisa corpórea. O divino é belo, sábio e bom" (PLATÃO, p. 152). A maiêutica é a pedagogia da alma, onde o corpo aparece como obstáculo e como cárcere.
Iniciados nos Mistérios a que podemos chamar de divinos, nós os celebrávamos puros e livres, isentos das imperfeições que nos atingiram no curso ulterior do tempo. A integridade, a simplicidade, a imobilidade, a felicidade eram as aparições que a iniciação revelava ao nosso olhar no meio de uma pura e clara luz. Não tínhamos mácula