Desde o início o ser humano tenta descobrir sua verdadeira identidade e isso, na minha opinião, iniciou-se pelo próprio corpo. O “quem somos nós” levou o ser humano a iniciar essa busca pelo estudo ao corpo humano, fazendo com que ele se tornasse o fio condutor para o estudo da subjetividade, segundo uma perspectiva histórica. Hoje vemos o corpo como algo normal a ser estudado e tratado, mas não era assim antigamente. A relação entre o individuo e seu corpo nem sempre supôs a consciência de posse. Na medicina medieval havia uma desconfiança em relação aos cirurgiões, “aqueles que agem pelas próprias mãos”. Esses infringiam o equilíbrio entre o homem e o cosmo, estipulado nessa época, cortando carnes e ossos, saindo dos livros para a pratica, intitulando os médicos como carrasco. Em Paris, em 1350, o medico fazia um juramento ao se formar afirmando que jamais procederia a cirurgia. Os cirurgiões não eram médicos e sim profissionais com técnicas assimiladas a trabalhos mecânicos ou manuais. Esses praticavam sangria, religavam fraturas e operavam. Para os médicos desse período a teoria dos humores era aplicada. Essa teoria supõe uma serie de grupos de quatro elementos: quatro estacoes do ano, quatro humores do corpo, quatro idades da vida, quatro temperamentos, quatro grupos de planetas, quatro grupos do zodíaco. O desequilíbrio desses humores resultava em mudanças na relação entre o homem e a natureza. Os vermes não eram considerados seres estrangeiros ao nosso corpo e nem resultado de falta de higiene, sendo “tratados” com nova alimentação prescrita pelo medico. A peste que assolou a Europa no século XIV suscitou preocupações particulares em relação ao corpo. Essa peste serviu como justificativa a diversas “separações” entre o corpo e o mundo. O banho não demorou a ser considerada uma atividade perigosa fazendo com que diversas casas de banho fossem fechadas. Nessa época a água servia para mostrar a glória do Rei e a limpeza corporal não exigia banho