Cooperação Militar Brasil- África
O ATLÂNTICO SUL E A COOPERAÇÃO EM DEFESA ENTRE O
BRASIL E A ÁFRICA
Adriana Erthal Abdenur*
Danilo Marcondes de Souza Neto**
1 INTRODUÇÃO
Uma das áreas menos exploradas nas contribuições acadêmicas sobre a cooperação
Sul-Sul prestada pelo Brasil é aquela relacionada à segurança e à defesa. A partir desta premissa, este capítulo procura analisar os desdobramentos do crescente envolvimento do Brasil na área de defesa e segurança no Atlântico Sul, com ênfase nos países da costa ocidental da África, analisando o aprofundamento recente das iniciativas de cooperação Sul-Sul em atividades tais como treinamento, fornecimento de equipamentos, e troca de conhecimento. Estes esforços, lançados tanto por vias multilaterais quanto por canais bilaterais, refletem a importância redobrada atribuída pelo Brasil ao Atlântico Sul como um espaço geopolítico prioritário, impulsionada por uma série de fatores econômicos, políticos e de segurança.
A pesquisa contempla as principais parcerias no continente, assim como a vinculação da cooperação em defesa com a reformulação da estratégia brasileira no Atlântico Sul. Analisa-se a cooperação prestada pelo Brasil ao longo da última década, vinculando-a às prioridades temáticas e geográficas da política externa brasileira e aos interesses das Forças Armadas – inclusive o projeto de fortalecimento da indústria de defesa brasileira. Nesse período, destaca-se inicialmente a Política de Defesa Nacional de 2005, que já mencionava a vocação marítima brasileira, a importância da consolidação da Zona de Paz e
Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) e a projeção brasileira no Atlântico Sul e nos “países lindeiros da África” (Brasil, 2005). Tais elementos foram reiterados em documentos mais recentes que vieram consolidar as políticas e os interesses brasileiros na área de defesa, principalmente no Atlântico Sul, como a Estratégia
Nacional de Defesa de 2008 e o Livro Branco de Defesa Nacional de 2012. Finalmente,