Contrato social
Objeto de estudo
O homem nasce livre, e por toda parte se encontra aprisionado. O que acredita ser senhor de outros não deixa de ser mais escravo do que eles. Mas como isso acontece, seria pela força?
Um povo é obrigado a obedecer e o faz, mas quando se livre deste julgo age ainda melhor retomando a liberdade pelo mesmo direito que um dia foi roubada. Porém a ordem social é um direito sagrado, e ele não vem da natureza, mas sim de acordos feitos durante os séculos.
Direito do mais forte
O mais forte nunca é forte o bastante para ser sempre o senhor, assim o que há é um direito aparente. Ceder a força é uma necessidade, no máximo um ato de prudência, portanto não constitui um dever. Já que o mais forte sempre tem razão, se trata apenas de alguém tornar-se o mais forte. Assim não existe direito da força, pois este sempre irá desaparecer quando cessar a força.
Da Escravidão
Já que nenhum homem tem autoridade natural sobre seus semelhantes, e já que a força não produz efeito, restam apenas os acordos e convenções como base legitima de autoridade entre os homens.
Se um particular pode alienar sua liberdade, diz Grotius, e torna-se escravo de um senhor, porque todo um povo não pode fazê-lo e torna-se súdito de um rei. Ora, um homem torna-se escravo para garantir sua subsistência, mas e um povo, por que faria isso? Um rei não pode propiciar a subsistência de um povo inteiro, o que ele faz é tirar do povo para garantir a sua. Dizem que o rei garante a tranquilidade ao povo, contudo que vantagem há para eles, afinal as guerras são lançadas pela ambição, orgulho e vexames da administração deste rei.
Dizer que um homem se dá gratuitamente é um absurdo, dizer então a mesma coisa de uma nação inteira é supor um bando de loucos, e da loucura não se constitui um direito. Ainda que cada um pudesse alienar a si mesmo, não poderia alienar seus filhos, afinal eles nascem homens e livre, e sua liberdade lhes pertence, e ninguém senão eles têm direito de