Contradições entre o ser social e propriedade privada na história moderna.

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No pensamento marxiano (1818-1883) verificamos o processo de desmascaramento da política liberal através da ação estatal. Esta política tem e sempre teve ênfase no homem enquanto indivíduo que busca satisfação de suas necessidades, subjugando a natureza, apropriando-se de riquezas e bem estar crescentes. Assim, pressupõe-se que a propriedade privada é um direito natural, socialmente útil e moralmente legítimo, uma vez que estimula o trabalho concorrencial e competitivo, combatendo o vício da preguiça e estimulando o crescimento social (MEIER, 2009). Marx se põe então, a questionar como o homem passou da submissão ao poder de um senhor feudal à submissão do poder impessoal da figura do Estado. Nesse sentido, é necessário desvendar a gênese do Estado (CHAUÍ, 2000).
Por um lado, temos o conflito entre os proprietários privados dos meios de produção movidos por seus interesses de fazer crescer sua propriedade. Paradoxalmente, embora estejam em concorrência, precisam uns dos outros. Assim, constroem certas regras para que um não destrua o outro. Por outro lado, temos as contradições entre eles e os não proprietários (escravos, servos, trabalhadores livres). Para a consciência social esse conflito e essas contradições aparecem, equivocadamente, como conflito e contradições entre interesse particular e interesse geral. Ora, somente aparecem assim, pois a realidade é bem outra. Na verdade, onde o motor é o interesse privado não pode haver busca do interesse coletivo (MEIER, 2009).
Não sendo, portanto capazes de manter o controle sobre os não-proprietários, onde o surgimento de “levantes” populares é sempre possível, os proprietários privados dos meios de produção, movidos pelo interesse que os une, precisam criar uma instituição, uma instância com força suficientemente capaz de dominar os não proprietários de maneira aparentemente correta, legítima e universal. Assim se deu a criação do Estado pelos proprietários como poder separado da sociedade civil, detentor das

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