CONTRA A UNIVERSIDADE OPERÁRIA
A greve de 2014 (8 de agosto de 2014)
Marilena Chaui Departamento de Filosofia FFLCH
A muitos tem parecido que, desde algumas décadas, duas tendências se com batem no interíor da universidade pública brasileira: em term ossociológicos, a luta se daria entre uma corrente tecnocrática e outra,hum anista; em term os políticos, o em bate se traduziria na oposição entre eficácia (ou com petência) e utopia (ou dem ocratism o); em term os econôm icos, a luta se daria entre o progresso da racionalidade mercantil e o atraso corporativista; e em term os acadêm icos, o confronto se m anifestaria com o oposição entre prática concreta e especulação abstrata. Essa figuração dos conflitos, hoje tida como um lugar-comum da vida universitária, não é casual, mas exprime a adesão ou a oposição àquilo que a Escola de Francfurt designou c o m osociedade administrada.
O m ovim ento do capital tem a peculiaridade de transform ar toda e qualquer realidade em objeto do e para o capital, convertendo tudo em mercadoria destinada ao mercado e por isso mesmo produzindo um sistema universal de equivalências, próprio de uma formação social baseada na trocade equivalentes ou na troca de mercadorias pela mediação de uma mercadoria, o dinheiro com o equivalente universal. A prática contem porânea da administração parte de dois pressupostos: o de que toda dimensão da realidade social é equivalente a qualquer outra e por esse m otivo é adm inistrável de fatoe de direito, e o de que os princípios adm inistrativos são os m esm os em toda parte porque todas manifestações sociais, sendo equivalentes, são regidas pelas mesmas regras. Em outras palavras, a administração épercebida e praticada segundo um conjunto de normas gerais desprovidas de conteúdo particular e que, por seu form alism o, são aplicáveis a todas as m anifestações sociais. Uma sociedade de mercado produz e troca equivalentes e suas nstituições são, por ISso mesmo, equivalentes também. Ê isso que se