Resenha e. p. thompson - a formação da classe operária inglesa: a árvore da liberdade
“Esclarecer o povo, mostrar ao povo a razão, o motivo de todos os seus sofrimentos; quando um homem trabalha duro 13 ou 14 horas por dia, durante toda a semana e não é capaz de manter sua família, mostrar ao povo a razão disso, por que não eram capazes de mantê-la, foi isso o que eu entendi.”
(Uma testemunha no julgamento de Thomas Hardy, sobre o objetivo da SLC)
No presente trabalho, propomo-nos a analisar a obra do historiador inglês Edward P. Thompson, que procura mostrar como se deu a formação da classe operária inglesa, processo este que ocorreu no corte temporal de 1780 e 1832, pois a classe só faz sentido se estiver inserida dentro do contexto histórico que a produziu. Nesta obra, história de uma experiência e de uma cultura popular, o autor propõe uma “história alternativa”, tendo em vista seu comprometimento com as causas populares e suas críticas à ideologia dominante, trabalhando através de um estudo de casos daqueles indivíduos pertencentes às classes mais baixas da população. Além de que exerce críticas às concepções marxistas acerca da classe operária, que conforme Thompson propõem uma noção incorreta de classe. E ele renova o discurso e a historiografia marxista ao propor um estudo através do víeis da história cultural, mas não abandonando as linhas social e econômica. Diferentemente dos pensadores marxistas, que vêem a classe como uma “estrutura” e como uma “categoria” abstrata, e daqueles que a vêem como “coisa”, o historiador inglês assevera que a classe social tratava de “relação” e “processo” e que deve ser vista como “uma formação cultural e social” (BARROS, 2004, p. 64). O autor participou juntamente com Eric Hobsbawm e Christopher Hill do grupo de historiadores do Partido Comunista Britânico até 1956, quando o abandona devido discordâncias no que tange algumas opiniões políticas e ideológicas. Soma-se a isto sua militância no movimento popular inglês após a Segunda Guerra