Estudante

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas – FAFICH
Departamento de História
Historia Contemporânea
Bernardo Furst Guimarães de Andrade

O conceito de classe é algo confuso e já foi tema de diversos historiadores e sociólogos ao longo dos séculos, com interpretações divergentes. Nunca se chegou num consenso e não há uma definição universalmente aceita sobre o que se define como classe.
Em sua análise interpretativa E. P. Thompson trabalha com o conceito de classe entendido como
“um fenômeno histórico, que unifica uma série de acontecimentos díspares e aparentemente desconectados, tanto na matéria-prima da experiência como na consciência. (...) Não vejo classe como uma “estrutura” nem como uma “categoria”, mas como algo que ocorre efetivamente (e cuja ocorrência pode ser demonstrada) nas relações humanas” 1
A ideia de “relação” é um elemento fulcral à compreensão da linha argumentativa de Thompson. Em sua análise, classe deve ser compreendida como uma relação histórica, uma formação social e cultural, assim sendo, e como em qualquer outra relação, deve ser entendida como algo fluído e dinâmico.
Ao considerar a classe como uma relação, Thompson impõem fatores que condicionam o surgimento deste fenômeno. “A relação precisa estar sempre encerrada em pessoas e contextos reais”2 Desse modo, exclui-se, inevitavelmente, a possibilidade de que a classe aconteça isoladamente, isto é, o conceito de classe não pode existir fora de um contexto. Ele deve ser corolário da ação (e das relações) humana dentro de uma conjuntura histórica, “a classe é definida pelos homens enquanto vivem sua própria história e, ao final, esta é sua única definição”3. “A classe acontece quando alguns homens, como resultado de experiências comuns (herdadas ou partilhadas), sentem e articulam a identidade de seus interesses entre si, e contra outros homens cujos interesses diferem (e geralmente se opõem) dos seus”.4
Em sua construção