contos novos
Mário de Andrade
Essa frase, retirada do conto “Atrás da Catedral de Ruão”, está claramente inserida no seu tempo: o do modernismo. Foi esse o movimento que, após as inovações da semana de 22, se dividiu em duas correntes. Uma delas, liderada por Plínio Salgado, se chamava Verde-Amarelismo. Ela dizia que os artistas deveriam cultivar um nacionalismo primitivo e ufanista. Esse grupo elegeu a anta como símbolo nacional e pregou, inclusive, a volta à língua Tupi. Era xenófobo e criticava o "nacionalismo importado" de Oswald de Andrade e seu grupo, o Pau-Brasil, que mais tarde se transformou no famoso Movimento Antropofágico.
O movimento Antropofágico tinha como ideologia a "deglutição" de elementos de outras culturas, considerados bons, que deveriam ser misturados àqueles estritamente nacionais para surgir daí o que eles chamariam de "nacionalismo crítico"...
Assim o que se tinha era uma briga para estabelecer regras e ideologias do movimento...
No conto “Atrás da Catedral de Ruão”, presente em "Contos Novos", Mário se mostra um perfeito "antropofágico". Ele nos traz a história de Mademoiselle, uma professora de francês, quarentona e virgem, tomada por um vendaval do “mal do sexo”. Preceptora de duas adolescentes, Alba e Lúcia – abandonadas pelo pai e de certo modo pela mãe, infeliz e distante – Mademoiselle conversa imoralidades e malícias com elas,fixando-se em suas fantasias eróticas no cenário de uma antiga história picante: atrás da Catedral de Ruão. Tudo isso em uma língua meio francesa, meio portuguesa... Intensificam-se tais fantasias até o momento em que Mademoiselle, ao sair de uma festa, imaginariamente é perseguida por dois homens, correndo deles e ao mesmo tempo entregando-se à volúpia de fazê-lo, atrás da Catedral. Quando chega à pensão onde mora, dá um níquel a cada um dos supostos perseguidores, agradecendo, em francês, a boa companhia que lhe fizeram... MA incorpora o que era estrangeiro (o jeito francês de