Contos Novos
Obra-síntese que reúne as conquistas modernistas de 22 e oselementos responsáveis pela maturidade literária de Mário de Andrade.A maturidade artística de Mário de Andrade, no campo da ficçãoliterária, culmina com os Contos novos, obra publicada postumamente em 1947,como o autor fez questão de anotar no final de cada narrativa, o livro é fruto de umminucioso processo de elaboração artesanal que compreende várias versões de ummesmo texto e se estende por períodos de tempo que vão de quatro até dezoitoanos de preparação... Este é o caso de Frederico Paciência, cuja gestação criativaevoluiu de 1924 até 1942.
1. Narrador
A paixão por pensar, em consonância com a paixão pela vidaredescoberta através da memória e da imaginação, constituem os traços maismarcantes da vida e da obra de Mário de Andrade, exemplarmente encontradosnestes Contos novos.Escritos a partir de 1924, reescritos ao longo de até dezoito anos dedepuração artística, os Contos dividem-se, do ponto de vista de seu foco narrativo,em dois tipos: os narrados em primeira pessoa, de caráter memorialistas, e osnarrados em terceira pessoa, nos quais a voz do narrador onisciente confunde-secom a voz dos personagens.Em ambos os tipos, há uma aproximação entre narrador epersonagem, tanto pela adesão do adulto aos momentos do passado recriadosatravés do personagem-narrador, protagonista dos contos em primeira pessoa,quanto pela adesão do narrador aos protagonistas dos contos em terceira pessoa.Tal aproximação e/ou adesão do narrados aos personagens épercebida, nos dois tipos de contos, por um recurso narrativo extremamentemoderno a que chamamos de discurse indireto livre, discurso em que não há asconvenções que distinguem a voz do narrador da voz dos personagens: no discursodireto, pelos dois pontos e pelo travessão com os quais o narrador deixa ospersonagens falarem: no discurso indireto, pelas conjunções integrantes [ que, se] epelos verbos declarativos com os quais o narrador incorpora em seu