Contos de Eça de Queirós
Comentário
Eça de Queirós, narra de forma sublime, o sentido da existência do Homem, numa posição a de observador, arrastando-nos numa torrente de encontros, lutas travadas, obstáculos redobrados, desafios… na procura constante do sentido da vida
Com mestria e possuidor de um conhecimento de pormenor, ao nível da formação da terra, da fauna e da flora, partilha com o leitor os saberes que subjazem à evolução da espécie humana, num passeio com início e sem fim à vista.
É no confronto constante entre Adão e a natureza, que nos aponta a grande verdade da existência do Homem na terra. Para cada obstáculo e para cada desafio, Adão tem respostas diferentes, mas sempre no sentido da conquista do espaço onde se move. Primeiro utilizando a força depois a destreza intelectual, alicerçando assim, a sua primazia como ser dominante deste planeta.
Neste conto, a relação entre os sexos assume uma dualidade ancestral e pertinente. Atribui ao Adão a força e a brutalidade na resposta a um desafio e a Eva, empresta-lhe a delicadeza, a sensibilidade, a atenção ao pormenor, o sentimento de maternidade, o sossego a temperânça e a quietude. Também nos aponta a incompreensão que incomoda e dificulta a relação e entendimento dos géneros, pelas diferenças que os caracteriza, eternizando assim, este desafio colocado Homem de todos os tempos.
Mas, o mais espantoso neste conto é que o autor nos mostra de forma entrançada e entrelaçada. A possibilidade de aceitar que Adão, o nosso Pai venerável é fruto da obra de Deus e simultaneamente, o faz corresponder ao Hominídeo de Darwin, na sua teoria da evolução das espécies. Com arte e engenho oferece ao leitor um Adão colocado na terra por Deus, cujo comportamento, no confronto com o conhecimento do mundo que o rodeia, cheio de artimanhas e de muitos perigos, todo igual ao descrito pela teoria evolucionista. Mais, é encantadora a forma como o descreve fisicamente. Carrega