Sempre sonhei em conhecer outras pessoas, outros lugares que não estes que estão diante de meu nariz: o mesmo pasto, os mesmos animais, as mesmas pessoas. Essa vidinha madorrenta e irritante, que, não fosse o meu prazer em ficar perto dos cavalos, estaria longe daqui. Conheço tudo de cavalos. Desde criança, acostumado a domar cavalos, tornei-me o empregado preferido do Ciríaco, o maior fazendeiro de Tatuapé. Nascido no interior de Minas Gerais, nunca havia saído desta cidade que o progresso teimava em não visitar. As tarefas da fazenda me intediava: Acordava às quatro horas da madrugada, levava os gados para pastagem, retirava o leite das gordas vacas e entregava na venda do seu Benedito, depois cuidava dos cavalos O que eu mais detestava era lavar aquele chiqueiro fedorento, deixando - o limpo para, no dia seguinte, tornar a limpa-lo. Um dia, acordei decidido a dar asas ao meu sonho: Montei no meu cavalo e depois de cinco horas, lá estava eu em Belo Horizonte, Fiquei encantado com a beleza daquela cidade e com as moças lindas que só se viam nas novelas da televisão e foi uma dessas que roubou meu coração e o motivo que me levou a escrever estas linhas. Sabrina estava sentada naquela banco da praça e ao passar, fitou - me com seus olhos verdes e sorriu! Aquele sorriso...aquele olhar...não resisti e retornei. Sentei-me ao seu lado e conversamos a tarde toda. Era de uma família tradicional da cidade. Entre nós existia um abismo: Ela rica e bela, tudo que desejava conseguia, e eu um simples empregado de uma fazenda e que não sabia nem quem eram meus pais. Ao se despedir, ela me desejou boa sorte e entrou em um carro que parara em nossa frente. Vi quando beijou apaixonadamente o motorista e, sem olhar para traz, seguiu até desaparecer na esquina da praça. Por um momento me vi no mundo encantado e perfeito dos contos de fada. Certamente, eu fui um passatempo para uma garota que aguardava ansiosa pelo seu amor, mas ela